Uma Louca festa do Chá

Madness Infusion

O rapaz acabava ignorando os itens espalhados em cima da mesa, fazendo com que o coadjuvante exibisse um leve sorriso malicioso, como o de alguém que havia conseguido criar uma boa armadilha. Estava claro que os objetos não possuíam lá tanto destaque, mas eram, na verdade, peças fundamentais para aquele quebra-cabeça.

Assim que a voz do treinador alcançou Buneary, a coelha o devolvia uma risadinha maldosa, os seus olhos também estavam diferentes do usual. Olhando melhor para a Normal Type dava para perceber a mesma aura esquisita a envolvendo, além disso, ela segurava um copinho com o líquido servido e quando ela o bebia a energia vermelha se intensificava.

- De fato, um bárbaro. Não sabe nem usar o que tem dentro dessa cabeça para pensar. – Provocou, entonando com o seu lado feminino. – Vai ver ele acha que é igual batalhar, faz qualquer coisa e espera um resultado estrondoso. Uma piada! – A voz rude tomava conta do rapaz, gargalhando logo após derramar o seu veneno.

Sobre a mesa havia, além das xícaras em diferentes quantidades de chá, alguns ingredientes que poderiam ser usados para modificar a bebida. Entre eles estavam: leite, mel, açúcar, gengibre e... Chocolate. Talvez o último não fosse para misturar com o líquido, afinal. Enquanto isso, Buneary e Willow continuavam levitando entre as cadeiras, parando religiosamente para pegar uma xícara após mudar de posição três vezes.

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Rebatendo mais uma série de provocações, o Comandante de Prata começava a brincar de bartender com os líquidos das xícaras. Enquanto o rapaz fazia os seus experimentos, o coadjuvante imitava um maestro, escolhendo os lugares onde a menina e a sua parceira sentariam fazendo o característico movimento de dedo.

A plateia relaxava com a musica ambiente colocada de fundo pela produção, uma parte importante de um espetáculo era ter os seus momentos serenos ou que aliviavam o estresse para que nada ficasse maçante. O cenário fantasioso auxiliava, em muito, essa função por combinar com o instrumental escolhido.

Quando as misturas de Gaulvi ficaram prontas, estava bem claro qual era a preferida pela menina e, em grande maioria, pela plateia. O clássico leite com chocolate não falhava com crianças, desde que essas não fossem intolerantes à lactose ou alérgicas ao divino produto do cacau. Por outro lado, as demais bebidas poderiam ter ficado boas também, caso não houvesse excesso em suas respectivas composições.

Quando Alyssa e a sua inseparável Buneary desceram das cadeiras para provar a bebida, o rapaz de cabelo longo não conteve uma expressão de desgosto. O primeiro gole fez com que a energia vermelha que as encobriam se dissipasse, as libertando do feitiço finalmente.

- Obrigada Comandante! Não estava aguentando beber mais nada! – Ela respondeu, fazendo uma careta que arrancou risadas do público.

- Então... Conseguiram, afinal. – Respondeu com a voz típica, a mantendo até o final da conversa, já que as outras duas estavam envergonhadas demais para se manifestar. – O que querem de mim? Antes que perguntem. Não. Não sou nenhum gênio da lâmpada.

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Willow e Buneary estavam aliviadas por terem um merecido descanso, apesar da aura psíquica ser a responsável por levita-las, algumas partes ficaram inteiramente responsáveis pelo físico da garota e da sua coelha. Além disso, o líquido que estava naquelas xícaras não era muito agradável ao paladar de uma criança, pois não possuía nenhum adoçante e era azedo e floral.

- Nada que chocolate não resolva, não é? – Respondeu a loira, sorrindo para a sua coelha, um pouco antes de se apressar e pega-la no colo para evitar novas fugas.

- O Chapeleiro simplesmente desapareceu. Há um bom tempo que ele não retorna da expedição que fez na Floresta Albina. – O coadjuvante comentou, utilizando um pouco mais de carisma e mistério em sua voz. – Eu sou desvinculado a qualquer tipo de autoridade, com exceção do próprio Chapeleiro, é claro. Desde que ele sumiu, eu tenho lutado para manter essa Festa do Chá funcionando!

- E aonde fica essa tal floresta, senhor? – Perguntou a menina, incorporando o personagem mais uma vez.

- O seu amigo deve conhecer muito bem, fica nos domínios da Rainha Branca. Para ser ainda mais preciso, é só seguir pelo caminho de margaridas e chamar por Cheshire.

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- Tá bom. Valeu! Só vaza daqui! Tagarela pálido... – Manifestou-se a voz rude, antes de dar lugar à feminina. – Pelo amor de Arceus, esse homem não cala a boca. – Por fim, a voz do ator se manifestou, quebrando as ofensas ditas por ele mesmo. – Disponha! Boa sorte na busca pelo Chapeleiro.

- Mas... E se ele só quis usar um caminho diferente dessa vez, ou alguma coisa estivesse bloqueando esse outro? – Perguntou Alyssa, caminhando em direção à saída com um semblante curioso. Buneary agitava-se em seu colo, como se estivesse tendo um mau pressentimento.

- Pior do que ele só essa garota que não para de duvidar de tudo! – Bradou o rapaz, utilizando a voz agressiva novamente. Como os dois estavam se afastando para girar o palco, a fala era escutada à distância, mas provocava um coro de risadas da plateia. – Alguém precisa, sei lá, borrifar água na cara dela quando ela começar essa crise de questionamentos. Insuportável! Quase mais irritante do que aquela esquizofrênica que não sabe encontrar nada sozinha! - Complementou o tom feminino, marcando o completo afastamento do coadjuvante ou, melhor dizendo, a sua saída de palco.

- Ouviu alguma coisa? – Perguntou a menina, pegando a deixa da sua fala. – Então... Nós vamos seguir por qual caminho? A floresta ou o campo?

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- Eu não faço a mínima ideia de como andar por aqui. Então, você deve saber o que está fazendo. – Suspirou Alyssa, desorientada pelas difíceis escolhas que surgiam em seu caminho. – O algodão doce pelo menos tiraria aquele gosto amargo de chá da boca, nem o chocolate deu conta.

A menina fez uma careta, antes de seguir o jovem pelo palco, o acompanhando para que a transição de cena ocorresse finalmente. O público estava começando a expressar os primeiros sinais de que estavam cansados, uma hora já havia se passado quando os momentos de transição marcados pelas músicas e mini-apresentações improvisadas eram somados ao tempo corrido da obra.

Quando as cortinas foram abertas novamente, o cenário era bem simples, marcado por uma grama escura e margaridas, algumas artificiais, que formavam um caminho em direção ao que se parecia com um bosque, mas toda a sua extensão era marcada pelo branco das flores de algodão que cresciam livremente, pelo solo branco que se confundia com cinzas e neve, e os grandes troncos retorcidos cujos galhos estavam floridos e brancos ou completamente sem vida.

- Tenho certeza de que o campo de algodão-doce parece ser uma opção melhor agora... Ainda dá tempo de mudar a direção, enquanto podemos, esse lugar me dá calafrios... – Reclamou a loira, esperando a sua vez de falar pacientemente.