[RPG OFF] Contos de uma treinadora...

De posse do medicamento do Sr. Chan, a menina saia do Pokémon Center naquela manhã ensolarada. A brisa que batia em Pewter era refrescante, mostrando toda a graça de um lindo sol. A garota sabia que mais tarde ficaria mais quente e talvez não teria aquela brisa matinal para ajudar. As ruas de Pewter já estavam agitadas. O tímido comercio se erguia na cidade cinzenta, carros nas ruas. Poucos prédios. Não era uma cidade muito grande, mas estava em crescimento. A jovem seguia pelas ruas, lembrando-se bem de onde ficava o Pokémark e o Café Cabana. Certamente, conseguia encontrar o museu com essas referências.

Ainda pensativa, embora animada com Snivy em seu time, a jovem avançava pela cidade, enquanto via de longe a figura de uma senhora de idade, com roupas cinzentas e um coque que prendia seu cabelo branco. Em passos curtos, ela trazia duas sacolas brancas penduradas em seus punhos e um guarda-chuva rosa no braço, impedido de ser aberto. A dificuldade dela era enorme, mas parecia passar desapercebido diante da rua repleta de pessoas atarefadas.

Sophia continuava andando, passaria de frente da senhora em poucos minutos. Quanto mais se aproximava, mais a jovem sentia a dificuldade da senhora de idade em carregar aquelas pesadas sacolas...

O coração benevolente de Sophia parecia ser um fator de atraso para a treinadora. Percebendo que a senhora com dificuldade precisava de ajuda, ela retornava e oferecia. Aquilo poderia atrasar a entrega do remédio, ok, mas talvez, para quem esperou já alguns dias pelo remédio, alguns minutos ou uma hora a mais seria pouco. A mulher de idade logo olhava para Sophia. De certo ponto, não queria atrapalhar seja lá o que aquela jovem treinadora tinha que fazer, mas também sabia que demoraria bem menos se tivesse um braço forte para ajudar a carregar aquelas sacolas grandes e pesadas.


A voz doce e carismática da mulher senil parecia despertar um bom sentimento em Sophia. Logo ela entregava uma sacola para a jovem e a própria treinadora, apesar da idade mais jovem, sentia que estava muito pesada e se surpreendeu como uma mulher que tinha seus 60 anos estava carregando aquilo ali.

- Eu sou uma teimosa... Eu deveria ter pego um táxi, mas as coisas em casa estão tão agitadas, que não tive tempo de fazer meus exercícios matinais... Aqui estou eu, achando que sou jovem e posso caminhar por ai com peso... – comentava a senhora, doce, gentil e sorridente.

Logo Sophia reparava que dentro da sacola tinha fardos de ração Pokémon e leite de Miltank fortificado e vitaminado para bebês Pokémons. Só os fardos eram suficientes para pesar, a caixa de leite era apenas um bônus. Sophia voltava pelo caminho de onde vinha, ao lado da senhora, acompanhando-a com passos mais lentos do que estavam antes. Mas a sorte da menina estava do seu lado, porque a senhora tinha apenas voltado para pegar acesso a faixa de pedestre e acessar o outro lado da rua e seguir pelo caminho que a jovem tinha planejado ir.

- É uma surpresa um jovem que se dispõem a ajudar uma senhora como eu. Os jovens hoje em dia são tão apressados e só pensando em insígnias, fitas, e pokémons raros e poderosos e se esquecem do essencial: viver e aproveitar!

A felicidade no olhar da menina era clara, quando percebia que a doce senhora pegava o caminho para perto do museu. A senhora ria da coincidência e ficava mais aliviada porque iria atrapalhar pouco a garota.

- Isso é verdade... Você tem um coração forte... Mas essa nova geração... Ah! Essa nova geração não valoriza tanto os detalhes... Saudades da época antiga, onde os detalhes eram tão importantes...

A senhora falava com um saudosismo e aquilo parecia alegrar o coração dela. O grande museu aparecia cortando algumas casas. Aquele bairro mais residencial era bem confortante e figura do museu era de uma arquitetura árcade e bonita.

- Mais uma coisa que não se ver hoje em dia: jovens visitando o museu! Falo isso porque moro muito próximo ao museu. Sempre levo um lanchinho às 10 horas para os seguranças e para o velho curador. Você gosta de arte e história, querida?

A justificativa de Sophia era a que se esperava. Talvez nem aquela doce senhora gostasse tanto do museu para ser considerada uma observadora de arte, mas, pelo menos tinha boa relação com o pessoal de lá. Muito mais próximas do museu, a senhora guiava a jovem treinadora até uma casa de porte médio, com um jardim na frente, portas vermelhas pintadas, uma parede amarelada que parecia pegar um pouco de luz do sol para expor. Era uma coisa... fofa! Uma casa fofa, com uma janela para rua, onde com certeza aquela senhora ficava horas e horas olhando para saber se já era hora de fazer sua visita diária ao museu logo do lado, que cobria todo um quarteirão.

- Já estamos chegando...

A senhora abria a porta que estava já aberta. Era de se estranhar que alguém confiasse tanto ao ponto de sair e deixar a porta aberta. Mas não demorou para saber o motivo: um Jolteon e um Vaporeon surgiam correndo pela casa de forma insistente, enquanto o Pokémon elétrico carregava uma bola na boca, o aquático parecia dispostos a tomar o brinquedo de volta. Da cozinha, uma Chansey saia com luvas térmicas e com uma bandeja com cookies apetitosos. No canto, uma Flareon sorria para a treinadora recém-chegada, enquanto dava de mamar para dois Eevees. No sofá volumoso que era aquela sala de estar, um eevee bebê sorria e abanava a cauda enquanto via sua treinadora voltar.

- Pessoal, cheguei. Essa jovem ajudou muito a trazer os suprimentos do mês.

A senhora parecia feliz em finalmente conseguir colocar a sacola na mesa. Quando Sophia fez o mesmo, sentiu o alívio de ter deixado a sacola ali, como se não bastasse a sua mochila. A jovem treinadora não pôde deixar de reparar em um berçário próximo da janela, recebendo a luz solar que esquentava uma casca amarronzada do que possivelmente seria um próximo Eevee.

- Querida, não sei como posso agradecer você... Por isso, levarei mais cookies daqui a pouco para que você possa se deliciar no museu. - dizia a senhora grandemente agradecida por toda ajuda que Sophia prestou para ela. – Qual é o seu nome mesmo?

Ao mesmo tempo que a senhorinha perguntava sobre o nome da menina, o Eevee do sofá acabou rolando e caindo no chão, o que não o impediu de correr e abocanhar a mão da treinadora, ficando pendurado no alto. O susto doeu mais do que as pequenas presas do Eevee. A treinadora apenas percebeu que era uma forma amigável daquele Pokémon conhecer alguém.

- Sophia! Que nome lindo! Sophia, essa é a minha fiel parceira Sey, a Chansey, essa é July, a Flareon, com dois filhotes de eevee recém nascido. Esse sapequinha ai adora morder que gosta. Fiquei surpresa. É mais velho que seus irmãos e não sabe comer a ração direito e tem intolerância ao leite da mãe, por isso eu uso leite de Miltank com ração amassada, até ele aprender a comer a comida toda. Esses dois são Romeu, o papai Jolteon, e Vaporeon, o mais velho. E eu me chamo Cora Coralina, mas pode me chamar só de Cora.

Coralina ria da animação do pequeno Eevee em conhecer uma nova pessoa. Ela ficava feliz porque o pequeno interagia com outras pessoas sem medo e sem vergonha. Sophia se sentia surpresa com tantos Pokémons juntos e raros. Coralina era uma breender, com certeza, e Chansey era a fiel escudeira dela.

- Eu vou só preparar um pouco de leite morno para levar e alguns biscoitos. Você está com pressa ou quer me esperar, querida? – a senhora dava opção para a jovem treinadora ficar e espera-la para levar os biscoitos e leite para os funcionários do museu, ou dava a opção para a menina seguir sozinha. Chansey com certeza era toda ajuda que Coralina tinha e o museu era do lado, praticamente, não teria trabalho...