As desventuras de Shuckle & Wooper #2

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Quem tem c*, tem medo, meu amigo - foi o que ficou com vontade de responder ao patrulheiro. Claro que não poderia mandar uma dessas sem perder a imagem que estavam tentando construir para o trio, então... Simplesmente engoliu as palavras e assentiu com discrição para o comentário, em uma compreensão suave. Mas... Sim, sobre o mapa: Não preciso nem dizer que o "não posso" de Tony a deixou ainda mais desconfiada, né?

— ...Não? — Perguntou, em um muxoxo. — ...Poxa... Mas, só uma olhadinha? Não é como se eu fosse levar embora! — Disse, baixinho, um riso sem jeito. Com a menção ao capitão, a moça fez questão de se aproximar ainda mais, quase encostando os lábios em sua orelha, para um segredo duvidoso: — Se eu pedir pra ele, do jeito que ele recebeu a gente... Acho que vai é me morder, isso sim. — Brincou - felizmente, só para Tony ouvir, então... É.

... ... ...
... ...
...aliás, por que é que agora tinha quase certeza que, se fossem nadando, provavelmente teriam uma viagem bem mais fácil e tranquila do que o que estavam tendo agora?

— ...Ugh, trocinhos... — Murmurou, outro gemido dolorido ao ser arremessada mais uma vez aqui e ali pelo barquinho. Mas, se já não estava feliz com a situação, imagina só quando agarrou uma de suas pokébolas e foi quase que imediatamente instruída a simplesmente... Não fazer nada??? — ...não??? — Repetiu, virando quase que instantaneamente na direção do capitão. Era um pouco patético ele imaginar que iam sair do meio de um monte de Tentacruel, com um barquinho daquele tamanho, sem esboçar nenhuma reação mais agressiva. Ora... Se você simplesmente aceita a maré, por que diabos eles evitariam uma boquinha grátis?

Independente da ordem, porém, a ruiva agiu: Atirou uma de suas esferas bicolores e liberou, junto de Rotom, seu pequeno projetinho de enguia elétrica. Não para iniciar instantaneamente uma batalha, claro, pois não era sonsa: Mas não ficaria esperando pela boa vontade das águas-vivas se estivessem prestes a virar café da manhã, almoço, comida pra mais tarde, sei lá, você quem diz.

...daria uma chance pro velho do mar.
Só uma.

É simples:
Não gostava de Marcus.
Não gostava do Capitão.
Roger era um babaca...
...e Tony, aparentemente, um obediente inútil.

Sinceramente, chegou a considerar se jogar no mar pra lutar contra os Tentacruel - não porque estava louca da vida por uma batalha ou algo do tipo, não, mas simplesmente por despeito. Infelizmente, não era um sentimento que poderia se dar ao luxo de escrachar na cara de ninguém por ali, então, restou engolir saliva e pressionar, com discrição, alguns dedos contra a palma da mão. A ruiva se dignou a retornar a enguia elétrica diante da ordem do homem, mas não o fez com Balthazar; A presença do fantasma ali era, no mínimo, uma segurança confiável para si e para Bley, e não estava disposta à perdê-la com tanta facilidade.

— ...Olha, eu admito que não sou muito boa em física ou algo do tipo... — Comentou, apontando com o dedão para o eletrodoméstico que, sabe, flutuava. Tá que não o fazia no começo, mas digamos que ele não era do tipo que se acomodava quando um bando de krakens tentavam tragar seu meio de transporte... Ainda que não houvesse dado nenhuma ofensiva sem a sua ordem. — Mas eu tenho quase certeza que ele não tem problema, né? — Um sorriso curto, gentil - tanto quanto possível. Os dedos afagaram com delicadeza a tampa do alaranjado, o olhar acinzentado batendo diretamente contra o de Marcus em um inquérito silencioso.

...Claro, ele logo se desviou ao perceber os tentáculos começando a se soltar; E ela respirou fundo, devagar.

— ...Marzinho agitado. — Murmurou. Não que culpasse os selvagens; Se estivesse em seu lugar, provavelmente estaria fazendo o mesmo - e até com mais afinco, se duvidar.

Bicho, que embarcaçãozinha chata.

Os Tentacruéis eram, simples e literalmente, um prenúncio da tempestade que estava por vir.

Quer dizer; Sequer chegaram a ter tempo de sentir o gosto de "vitória" ao se afastarem daqueles tentáculos viscosos que cortejavam o barquinho com tanta insistência - bastou um "viu só!" do capitão para que o dia claro virasse breu e a brisa fria escorresse por entre os fios avermelhados , bagunçando-os e expulsando algumas gotículas de água antes que voltassem à umedecê-lo ao que a garoa escorresse das nuvens.

— ...Is- — ...e também não conseguiu falar. Viu o vermelho, ouviu o "crack" violento da embarcação, sentiu o balanço que a arremessou novamente e sentiu quando seu belo porto-seguro se transformou em um projeto menor e mais falido de Titanic. — ...Balt! — Foi a reação imediata, agarrando-se ao elétrico assim que ele se aproximou, o cano de mangueira enroscando-se firme ao seu braço em um suporte mudo e firme.

...um Kingler.
Era um Kingler?
Não tinha certeza, mas não sabia de muitas coisas (bem, pelo menos naturais) que poderiam causar um cenário caótico daqueles.

— Eel, atenção! — Instruiu, libertando a enguia mais uma vez e a deixando espairecer na maré, os orbes cinzentos atentamente passeando pelas águas em busca de seu algoz. O fantasma se encarregou de a arrastar mais para perto de Karinna, levando em consideração o pedido da loira; Eelektrik também o fez, com certo distanciamento, de prontidão.

Por isso que não dá pra ter paz, né?